À minha professora de piano
Inspirar e expirar cada frase
Não há outra forma de sorver a música
E o piano tocar
Muita paciência
Sem exagerar no fortíssimo
Sem ambicionar mais que o virtuose
Tentar acelerar e nas teclas tropeçar
Só tocar o Tico-Tico, sem parar
Exagerar e apanhar do cavaquinho
Uma obsessão pelo tango inexplicável
La Cumparsita, Mi Buenos Aires querido
Mais fortemente a paixão por Adiós Nonino
E ao errar, melhor parar e perguntar
O improviso é de se admirar
Todavia não há música sem o suor
Sem técnica e alma
E o constante praticar
Obrigado professora pelo piano
Por tudo o que ele hoje me oferece
Hoje não sou pianista
Ao menos profissionalmente
Não é tocando que faço o meu ano
Todavia o piano e a música
Fazem de mim um homem diferente
Pois além de tocar um pouquinho
Aprendi a escutar
A você
A mim mesmo
Ao silêncio do outro
A voz do meu próprio coração
Às melodias soltas pelo ar
Mas, principalmente, escutar a minha própria vocação
Fazer da vida uma arte
Sem necessariamente viver dela
Senti-la escrita em mim como em um antigo pergaminho
E escrevê-la a cada momento
Levantando-a
Onde quer que eu vá
Como um porta-estandarte
Guilherme Ferreira
No comments:
Post a Comment