Passou
Um rastro
Deixando uma lembrança
Em um porto
Sem seu consentimento
Ancorou-o
Imaterial como brisa
Passagem sem evidências
Crime sem dolo
Escândalo sem jornal
Memória
É o que resta
Improvável
É o seu retorno
Leve e vagamente
Toma conta este olor inusitado
Que de fato
É doce e inebriante
Mas de certa forma adicto olfato
Não é indolor
Até quando em novo rastro
Arrisca nova passagem
Desatraca neste porto
E liberta o prisioneiro
Ele então não titubeia
Perdoa a sua algoz
Em troca de uma nova pena
Que pode ser perpétua
Ata-se a este doce domínio
Uma mulher
E sua fragrância
Guilherme Ferreira
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