Édouard Boubat - Rémi holding a shell,
Paris, France, 1955
O som que vem de fora
Ora vezes dentro reverbera
Quando ouvidos bem abertos
Portam-se em compasso de espera
O som que vem de dentro
Ressoa para fora
Quando a boca não deplora
Os contíguos sentimentos
A palavra
O tom
A melodia
O som
Escutar
Ouvir
Silenciar
Uma concha a parir
Casco côncavo e calcário
Que sem pronunciar alarido
Dá luz ao silêncio e seu leve sonido
Calando a Vênus parideira
E o sofrimento do calvário
Estes decibéis sutis
Clamam uma privação
Do falatório
Da gritaria
Do barulho
Do ruído
Ensurdecedora
A dissonância desta cacofonia
Falsa ressonância
Ecoa desarmonia
Mas nas pregas
Da nossa própria abóboda
Encontra-se uma nova acústica
Dos nossos próprios sentimentos
A imaginação viaja em ondas então
Quase silenciosa escuta-se a sinfonia
Que bate e rebate nesta audição
Da melodia de si mesmo
Guilherme Ferreira
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