Sunday, 27 April 2008

Lips


Not far from the lips
Either words or kisses
An elegy, a comedy, a praise
The virtue of the mouth
Is to depict a joyful fate
Or differently, to bail it out from paradise

A sacred vow
Or an outrageous heretic speech
Depends on one´s tongue
The unbearable desire to mockingly put somebody down
Or the craving for dawning it on a colorful sunrise

A statement is on the verge
Dust is away because the pure air is an attempt
Either deep or shallow breathing
It´s when the word is at stake
Drawing a breath,
Fulfilling or shrinking the lungs
One might be drawing a line
Between a word which might be good or bad
The truth, a lie or a true lie

There is no fine for such crime
When a blemish is whispered
But, believe me, there is no exquisite reward
Better than the beautiful word
Herein one´s voice
Talking with love
Even in a silent claim

Guilherme Ferreira

Breathe

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Saturday, 26 April 2008

Sublime



"After silence that which comes nearest to expressing the inexpressible is music." 
- Aldous Huxley

Aventuro-me a traduzir uma citação que talvez seja incapaz de traduzir. Mas a tentativa não custa nada, além de não ser dolorida para um homem não conceituado. Aldous Huxley quis dizer que, além do silêncio, não há nada que se aproxima mais em expressar o inexpressível do que a música. Concordo em gênero, número e grau pois a música, na minha opinião, é a máxima expressão do que é sublime. E o sublime é inexpressível por um simples mortal.

Mais uma vez irei me recorrer ao latim como muleta conceitual. Afinal, não sou conceituado, e suficientemente graduado, para tomar como ponto-de-partida o meu achismo mortal. Sublime vem de sublimis do latim, que significa "olhando desde cima". Como terráqueos estamos submetidos às leis da gravitação. Os pés no chão são uma fatalidade, fato comprovadamente verdadeiro, por mais que digam que não - digo sobre todos aqueles metafísicos de plantão: poetas, filósofos, artistas de qualquer natureza e vocação.

Virtuoso é o homem que consegue sublimar-se. Ver de cima sem o efeito da gravidade. Volitar fora da carne que aprisiona os nossos sentidos - sentir desde cima, sem limites, desde alto, com sentimentos exaltados. Enxergar o que outros não vêem, a vastidão sem precedentes na nossa humana e limitada visão, tato, paladar, olfato e audição.

Portanto, não existe outra reação diante do sublime senão o estupefato silêncio do homem que não tem palavras sequer para uma simples expressão. E a música neste sentido, é pura contradição, pois é sublime e consegue ser o contrário do silêncio, o som e sua magnitude em ação. Todavia, mesmo aqueles mais astutos no uso das palavras, de joelhos ao chão, rendem-se a música sem reação. Sem rumo ou orientação, desesperadamente correm e recorrem ao dicionário que lhes fecha as portas de capa e contra-capa com um assertivo não!

Rachmaninoff é um dos mestres do sublime. Homem que é capaz de desafiar as leis da gravitação, volitar e encontrar sons, inspiração que nenhum outro homem no chão foi capaz de imaginar ou tocar. Este Concerto para Piano e Orquestra no.2, em seu segundo movimento, ajuda-me, em silêncio de boca calada e olhos arregalados, a definir o que vem a ser sublime, a levitar, a voar como se fosse alguém que nunca pisara em terra firme. E, para arrebatar, o concerto é interpretado por Nelson Freire, outro homem como Rachmaninoff que é médium do sublime para nós homens simples, cegos, calados e de pés descalsos calejados pelo chão.

Sunday, 13 April 2008

Fado



(Video de Mariza cantando "Ó Gente da Minha Terra" - de Amália Rodrigues)

Fado
Da gente da minha terra
Entra fundo na alma
Brotando um ufanismo inevitável

Sou brasileiro de nascença
Português talvez de fato
O destino, ninguém sabe
Certamente remixado
Com um pouco de dolência
Mas com mais alegrias sempre ao lado 

Fado vem de fatum
Fatum do latim é destino
Todavia o meu
Por mais que se duvide
Não é Fado consumado

Pois o Fado se canta sozinho
E sempre pode ser mudado 
Quando acompanhado de uma nova guitarra
Por mais que se caminhe improvisado
O Guitarrista, hoje inacreditado, sem dúvida 
Sempre estará ao nosso lado

Com a voz em solo
E a alma livre fora do solo
Quero cantar o meu Fado
Sozinho, mas sempre acompanhado

Fado da gente da minha terra
Que caminha sempre
Com destino mirado
Com mãos e dedos pela guitarra da vida calejados
E com o corpo suado
Forte e saudável
Em busca incessantemente
De um Fado elevado

Ave Verum Corpus



Ave Verum Corpus
Máxima epifania
A voz de Deus
Que um homem 
Wolgang Amadeus Mozart
Trouxe ao mundo um dia

Um outro homem
Todavia
Trouxe a mim esta música
E com ela a alegria
De ter ao menos uma possibilidade
De ao divino me congraçar
Por meio da arte
E a voz de Deus também escutar

Ave Verum Corpus
Laudate Dominum
Sanctus et Benedictus
O triplo de Beethoven, no segundo movimento
Le Cygne de Saint-Saëns
Muitos, não só um
Mas vários canais
De Exultate, 
Jubilate Deo
Deus

Por isso não me esqueço
Da primeira vez que entrei no Duomo di Milano
Em pleno domingo de ramos
Celebração de Agnus Dei
Escutando de fora um coral, entrei
E Ave Verum Corpus novamente
Em Jubilum escutei

Não menos diferente fui introduzido a Kiri
Vissi D´Arte
Vissi D´Amore
E diferentes outras árias
Que não fazem outra celebração senão da vida e do amor
E viver da Arte e do Amor

Em Paris
Exatamente a um ano atrás
Na Ópera me encontrava
A assistir Louise de Gustav Charpentier
E, inesperadamente, no terceiro ato
Em cenário de cor azul e gris
Ao escutar os primeiros acordes de Depuis le Jour
Chorei, au souvenir charmant
Da música que antes escutava, e não sabia o significado
Mas que naquele momento o sentido transbordava
Quelle belle vie, Ah! Je suis heureuse!
Parce que au jardin de mon coeur
Chante une joie nouvelle!

O mio babbino caro
Obrigado
Por tudo que me ensinas
Pelo homem de coração maior que hoje sou
Sem perder a doçura, jamais
Merci
Por tudo o que me ensinou
Pour votre se renseigner sur la vie

Flamenco






Para mim o Flamenco faz aniversário no dia doze de abril.
Não é um feriado
Tampouco uma data nacional
Mas sim, quando este gênero musical
Para mim
Na forma de uma pessoa
Se encontra encarnado

E como vibro com o Flamenco
E com o sucesso de sua encarnação
A qualquer momento
Quando o escuto
Não só nesta data
Mas desde o seu nascimento

Que este Flamenco
Que vem da alma, 
Chegando as mãos
E, pela garganta, à voz
Tenha vida prolongada

Que se eternize
Pelas notas
Pelos acordes
E pelas falsetas

Vivendo a música 
Com plenitude
Com perfeição
Sem exagerada e fria precisão

Mas que tenha a tão sonhada busca de um músico
A Musa arte
E a sua inspiração
O Belo
E sua epifania musical
Vivendo a verdadeira
E tão indispensável paixão

Monday, 7 April 2008

Dia da Pangéia

Imagem




Ja falei de Imaginação
E de Poder, sentenças já lavrei
Quero agora falar do Poder da Imagem
Pois diz o provérbio que ela é mais poderosa que mil palavras
Ou uma grande palavra, que não é palavrão não

Por ser tão poderosa assim 
Contenho-me a usar poucas palavras
Pois mesmo as mais eloquentes palavras
Dizem não, querendo dizer sim

Línguas e dialetos
Dá-se conta de milhares
Mesmo aqueles que comungam da mesma
Um simples diálogo, sequer, não se dá por completo

São diferentes perspectivas
De certo ou errado, 
Só diferentes posições
Da mesma Verdade

Este é o problema da comunicação
Mesmo que se fale a mesma língua
Se divida o mesmo quarteirão
Ou cadinho de terra
Duas pessoas não se comunicam
Se a palavra não vier do coração

A língua do coração é o sentimento
Que das palavras se furta
Para fazer da imagem a própria fruta
Que preenche o momento
Em substancioso turbilhão

Este é o propósito da comunicação
Que dois corações ocupem o mesmo espaço
Formando um só
Mesmo que as leis da física
Pelo poder das palavras
Gritem em dircurso sua rejeição

A imagem é a Pangéia original
Mil vozes habitantes em uníssono
Terra da compreensão

Veja bem esta imagem
Da Terra Pangéia
Ela não nos propoe a verdadeira língua?
A língua sentimento, 
Língua da imagem
Imagem de um coração?