Rastrelli Cello Quartet - Astor Piazzolla - Oblivion
Quem ainda não bebeu desta água
Ou olvidou-se de tal
Saiba que há males que vêem para bem
Sendo douto ou não
Há venenos que servem de antídotos
E arrisco-me nesta prescrição
Inconsciência
Mente nublada
Esquecimento
Visão eclipsada
Para quem não enxerga
A luz é coisa impensada
E desnecessária
Da consciência
O mesmo posso dizer
Pois quem não a tem
De fato não sabe de sua existência
Supérflua que é
Quem então não sabe
O antídoto não procura
Vive anestesiado
Em eterno eclipse
De sentidos velados
Em pseudotranquilidade
Mas também
Quem bebe desta água
Há de beber seu antídoto um dia
Pois querendo ou não
Consciência não é coisa que se escolhe ter ou não
Ela brota da terra
Como em nosso espírito
De suas profundezas
Como água de uma fonte
Que seus poros devassa
Destemida
Abrindo um curso no chão que não cicatriza
Pois ferida assim
Benéfica
A vida não cauteriza
Ferida que então se vivifica
Torna-se um rio
Pára para um descanso
Formando um lago
Prossegue viagem
Até chegar ao mar
Onde se dissipa
Esquecida
Até eu lembrar-me outra vez
Beber deste antídoto
E descobrir que maior que o mar
Reina o oceano
Guilherme Ferreira
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