Friday 19 September 2008

Ponte Alexandre III



Pont Alexandre III - Paris, 15 de setembro de 2008 (clique para ampliar)

Deleite para os cinco sentidos
Refresco para a memória
Travessia inevitável
Desta ponte que me liga a mim mesmo

Em uma margem
À la droite
Se encontra o meu eu velho
Que insiste na noite

Na outra margem
À la gauche
O eu que nasce
Que busca uma nova roupagem

Passagem longa
Que não acontece do dia para a noite
Mas não importa a duração
Já dizia alguém:
Afinal a jornada é o que é importante aproveitar
O destino final de uma forma ou de outra há de chegar

Então as margens se aproximarão
O Eu I se unirá ao Eu II
E um dia formará o III
Quando não haverá mais ponte
Mas um ser só, em união

Guilherme Ferreira

5 comments:

  1. No Tejo ou no Sena. Lá está ele. Pensando sobre o eu, o eu ontem, o eu hoje e o eu amanhã. Não sua dissociação, mas sua cisão. E como não poderia deixar de ser, um dos eus do meu poeta preferido, Cairo:

    O meu olhar é nítido como um girassol,
    Tenho o costume de andar pelas estradas
    Olhando para a direita e a esquerda
    E de vez em quando olhando para trás...

    E o que vejo a cada momento
    É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
    E eu sei dar por isso muito bem...
    Sei Ter o pasmo essencial que tem uma criança
    Se ao nascer, reparasse que nasceras deveras...

    Sinto-me nascido a cada momento
    Para a eterna novidade do Mundo

    Creio no mundo como um malmequer
    Porque o vejo, mas não penso nele
    Porque pensar é não compreender

    O mundo não se fez para pensarmos nele
    (Pensar é estar doente dos olhos)
    Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

    Eu não tenho filosofia, tenho sentidos...
    Se falo na natureza não é porque a amo, amo-a por isso,
    Porque quem ama nunca sabe o que ama.
    Nem sabe porque ama, nem o que é amar...
    Amar é a eterna inocência
    E a única inocência é não pensar."

    ReplyDelete
  2. Olá Anônimo, quem é você? Estou curioso pois gostei muito do seu comentário!

    Este poema do Fernando Pessoa veio a calhar com o que escrevi. Um trecho me chama muito a atenção:

    " Eu não tenho filosofia, tenho sentidos...
    Se falo na natureza não é porque a amo, amo-a por isso,
    Porque quem ama nunca sabe o que ama.
    Nem sabe porque ama, nem o que é amar...
    Amar é a eterna inocência
    E a única inocência é não pensar."

    Busco pensar para sentir mais. Mas parece um vício de nosso tempo. Já encontrastes a cura? Divida comigo os seus antídotos!

    Abraço

    Guilherme

    ReplyDelete
  3. Cher Gui!
    Não me reconhece?
    Lembra do rato e do gato da quarta-feira? Eureka!?
    Quando li este poema de Caeiro, imaginei você as margens do Sena, insessantemente indagando-se, sentindo, apreciando, na sua insessante busca.
    Antidoto para nobre função?Agredita que exista? Cura?
    Bon soir,
    Bise!

    ReplyDelete
  4. Mon cher!
    Claro que te reconheço!
    Escreva mais por aqui. Adoro os seus comentários e textos.
    Bisous!
    Gui

    ReplyDelete
  5. Ai, Guilherme... só vc para escrever coisas tão profundas!!! Agora que voltei pro Terceiro Setor, sinto sua falta pois teríamos muito o que conversar. Quero te convidar para fazer parte do conselho de uma ONG de uma amiga, mas tão longe...
    Quando estarás de volta?
    Saudades.
    Beijos com amor e carinho.
    Marie

    ReplyDelete