Muro da lamentação - Jerusalém
Começa pequeno com um queixume
Assim como um pingo d'água dá inicio a enxurrada
Uma sílaba revela a palavra dura
Daí a sentença nua e crua se entremeia
Invadindo-nos como um enxame
O canto perde o encanto
A ode dá lugar a elegia
E como num passe de magia
A alegria dá lugar ao pranto
Julho passa e dá lugar a Agosto
O tempo passa rápido em busca do futuro em fuga
O sol se põe a contra-gosto
E o olhar enxerga em claro-escuro
Os joelhos então desconjuntados
Dobram e inclinam-se em lamentação
As mãos se apoiam no muro
A cabeça em direção ao chão
A lamúria emperra na garganta
Um suspiro ensaia o seu concerto
Ladainha desafinada
Que não adianta
Deplora conserto
O coração portanto emuralhado
Clama por uma saída
Busca arrimo das lágrimas
Que causaram sua erosão
O sujeito apurado em perjúrio
Dá-se conta de sua auto-traição
Aponta o dedo-duro a si mesmo
Implorando novo venturo
Derrubando a alvenaria da reclamação
Paredes do lamento caem a terra
Em pedaços de pedra
Sob a qual o homem se aduba
Planta e aterra
Surge uma petição
Em um pequeno papel
Desejo que erige nova muralha
Da confiança construída à granel
Deste muro
Que fora montureira
Renasce o homem
Flor-de-monturo
Sobrenome Ferreira
Guilherme Ferreira
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