Saturday, 17 October 2009

Tempo


Boy with a clock, Comacchio, 1956 - Piergiorgio Branzi

Fardo indelével
Faz-se pesado, nos ombros de quem se descarrega
Enleva-se
Faz-se leve e sustentável
Quando nós o carregamos

Compasso intermitente
Binário, ternário ou quaternário
Da capo al fine
A vida não tem pausa
Absolutamente

O momento presente se derrete
Em passado se solidifica
E o futuro que não se repete
Faz-se aqui diferentemente

Tempo que acelera
Pelas beiradas e friamente
Come-nos com abundantes colheradas
E pedindo ritornello
Tudo recomeça
Novamente

Distintamente
Para desfrutar o tempo
Penso eu
Há de se reger a vida
Relativamente

Um segundo por vez
Allegro para caminhar
Adagio ou Largo para refletir
Presto para realizar

E assim com a batuta em mãos
Dá-se início a um viver autônomo
Saber quando dizer sim ou não
Na batida do nosso próprio metrônomo

Guilherme Ferreira

2 comments: